Antes de iniciar o tema, vou fazer uma breve apresentação da minha vida profissional: sou advogada de formação e carreira, especialista em finanças e investimentos, mas quem me encontra por aí sabe que eu falo muito mais de filosofia, espiritualidade e comportamento humano do que de quaisquer dos assuntos técnicos aos quais estou dedicada no meu dia a dia.
Há uma explicação lógica (pelo menos do meu ponto de vista) para que eu fale mais sobre a vida humana do que sobre leis em códigos ou os números dos bancos. Para mim, só há uma profissão no mundo: Cada um de nós, com a sua função, é (ou deveria ser) um AGENTE DE BEM-ESTAR.
Acredito, então, que para ser uma agente eficiente, eu preciso mais do que entender, mas também amar o destinatário do meu serviço, pois só assim eu conseguirei cumprir o propósito de ser promotora de seu bem-estar. E para amar mais e melhor aquele a quem sirvo, eu entendi que deveria me dedicar com esmero em conhecer o sentido de sua existência.
Mas o que isso tem a ver com prosperidade?
A palavra prosperidade vem do latim prosperitas, prosperitatis, que deriva de: prosperus, que significa afortunado, bem-sucedido, feliz, favorável, e este, por sua vez, é formado por pro- (à frente, em direção a) + sperare (esperar, ter esperança). Ou seja, originalmente, prosperidade carrega a ideia de algo que “vai adiante com esperança” ou “segue em direção ao bem”. No latim clássico, prosperitas já era usada para indicar boa sorte, sucesso, situação favorável, progresso na vida.
Hoje perdemos um pouco da profundidade dos conceitos das palavras e não raras vezes acabamos por surfar em ideias rasas. Prosperidade é uma palavra que se perdeu no tempo e se tornou um sinônimo de “ter dinheiro” ou “ser rico”. Mas, ser próspero não é ser rico materialmente, para dizer bem a verdade, é bem possível que a riqueza material, se distanciada do conceito da prosperidade, conduza a uma vida miserável.
Prosperidade está intimamente ligada ao conceito da vida plena, da felicidade, do fazer o bem, do progredir e avançar. Prosperar é o verbo de ação do ser humano virtuoso. Quero dizer: prosperar tem muito mais a ver com o quanto você doa do que com o quanto você recebe ou possui.
Consta que Sócrates dizia: “A riqueza não consiste em possuir grandes bens, mas em ter poucas necessidades.” Platão também expressa a sua visão sobre a riqueza e a prosperidade: “Não é das riquezas que nasce a virtude, mas da virtude nasce a riqueza.”
Aristóteles, um dos filósofos que mais gosto, dizia que a prosperidade era a Eudaimonia_ A vida em sua plenitude. Não haveria felicidade do acúmulo de bens, mas de uma vida em virtude: “Os bens exteriores são necessários, mas não constituem o fim. O fim é viver bem, agir bem.”
Na Bíblia também há um conceito de prosperidade que, na minha opinião, é uma das mais belas lições que Jesus trouxe, em Mateus 6.33-34: Buscai o Reino de Deus e sua justiça e tudo mais vos será dado por acréscimo.
O Reino de Deus e de sua justiça é o estado de graça do servidor incansável, daquele que busca fazer o bem. As bênçãos recebidas, e nelas se inclui a riqueza material, são o mero acréscimo, não o objetivo a ser almejado.
Prosperar de verdade é o que transborda do seu coração para o mundo!
É o tanto que você oferece com generosidade: tempo, presença, afeto, ideias, coragem, ação e oração.
Em anos trabalhando falando de milhões com a naturalidade de quem está contando centavos e servindo pessoas que acumularam fortunas desejadas pela maioria dos seres mortais, compreendi que os mais prósperos não são os que tem maior soma de número, os verdadeiramente prósperos são aqueles que atingiram o estado de graça com o seu servir.
No fim, a prosperidade é a compreensão de que a verdadeira riqueza não está no encontro com o resultado mais rentável, mas na prática da servidão em seu estado mais genuíno: o transbordar da essência de cada um de nós ao mundo.

